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O Sol É Para Todos, de Harper Lee #DL 2013

28 maio 2013




Autora: Harper Lee
Título Original: To Kill a Mockingbird
Editora: José Olympio
Páginas: 363
Lançamento: 1960
Tema do Mês de Maio DL 2013: Livros Citados em Filmes
Filme Onde o Livro É Citado: As Vantagens de Ser Invisível (The Perks Of Being a Wallflower


" - Mas se só existe um tipo de gente por que é que eles não se entendem? Se são todos iguais, então por que se desprezam tanto?"

O Sol É Para Todos é atualmente considerado um clássico da literatura estadunidense por retratar de forma muito realista a questão do preconceito racial vivida durante a década de 30 nos Estados Unidos.
A trama se desenvolve na pequena e fictícia cidade de Maycomb, localizada nos sul dos EUA e é contada através dos olhos inocentes da pequena Scout, uma menininha de 6 anos muito questionadora, que passa a observar ao lado de seu irmão Jem e de seu amigo Dill, algumas das contradições que existiam naquela sociedade que os cercavam.

O livro é dividido em duas partes: a primeira relaciona-se com o grande mistério que rodeia um dos vizinhos de Scout, o misterioso Boo Radley, que estava trancado dentro de casa há 25 anos e acabou se transformando na obsessão das pequenas crianças que desejavam um dia conseguir dar uma boa olhada na figura.
A segunda parte do livro é a que possui os maiores conflitos da trama e que gira em torno do negro Tom Robson, que está sendo julgado pelo estupro de uma branca. Quem se torna o advogado de defesa do negro é Atticus, o pai de Scout, e imediatamente toda a sua família se torna vítima da intolerância da cidade de Maycomb, que não aceita o fato de um negro receber uma defesa justa, independente ou não de todos saberem que ele possa ser de fato inocente.

É nessa parte do livro que a inocência das crianças se torna um dos temas centrais do livro, pois as únicas pessoas que realmente são capazes de se emocionar e chorar diante da injustiça social são as crianças. E quando os adultos percebem a emoção das crianças, a única coisa que eles se limitam a dizer é: "O instinto dele ainda não foi reprimido. Mas deixe-o crescer um pouco mais, e ele não se sentirá mal, nem chorará" (p.259), ou então: "Já fizeram isto antes, fizeram esta noite e farão outra vez, e quando isso acontece... parece que apenas as crianças choram" (p. 274).
Maycomb parece ser uma cidade formada por pessoas hipócritas e que nem se esforçam para disfarçar. Uma cidade onde a tradição familiar é o maior valor que uma pessoa pode ter e onde os brancos não se misturam com os negros, nem com os caipiras, nem com os pobres.

"Jem, como é que alguém pode detestar tanto Hitler e ao mesmo tempo ser ruim com gente daqui mesmo, hem?" [Scout perguntando sobre sua professora que se indignava com o nazismo anti-semita, mas odiava todos os negros].
Esse é o tipo de questionamento que na minha opinião envolve algo que começa a explicar o título original do livro "To Kill A Mockingbird". No livro, há uma breve passagem onde Atticus ensina aos filhos sobre o grande pecado matar um Mockingbird, pois eles não fazem nada além de cantar para alegrar a vida dos humanos. Vi algumas resenhas por ai que comparam Boo Radley e Tom Robson com os mockingbirds, pois eles são pessoas inocentes atacadas pela sociedade em que se encontram somente por serem incompreendidos.
Já no meu ponto de vista, quem realmente é 'um mockingbird' são as crianças da obra. Elas não fazem nada além de serem  ingênuas, mas essa ingenuidade ou pureza tende a ser totalmente destruída com o passar do tempo, pervertida pela sociedade. Há quem diga que o final do livro é cheio de esperanças e fé em que um dia a sociedade se modificará e os preconceitos deixarão de existir, mas penso que essa fagulha de esperança que o livro deixa é bem pequena. Na verdade, tendo a crer justamente no contrario: que O Sol É Para Todos é um livro onde a sociedade perverte a inocência das crianças e não importa quantos inocentes ainda morrerão injustamente, pois isso continuará acontecendo pelo menos por um bom tempo já que a mudança acontece em um ritmo muito lento.

No mais, é um livro Bom.  Indispensável para quem busca entender a mentalidade na qual se encontrava os Estados Unidos de 30 e para quem se interessa sobre a temática de desigualdade social. Senti falta apenas de que a autora se desprendesse mais dos fatores autobiográficos e desse um final melhor, pois me desapontou um pouco a maneira como o livro acabou. Também parece que algumas pessoas comparam a obra com Dom Casmurro, já que as duas obras são de leitura obrigatória para os estudantes de Ensino Médio de seus países e acho tal comparação nem de longe aceitável. Repito: o livro é bom. Mas daí a compararem Harper Lee com Machado de Assis, me sinto até ofendida!

Nota: 3/5

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